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[Crítica] Tudo Bem No Natal Que Vem
desconexao leitura dezembro 15, 2020 0
“Uma
canção sobre um berço / Um verso, talvez, de amor, / Uma prece por quem se vai
- / Mas que essa hora não esqueça / E por ela os nossos corações / Se deixem,
graves e simples.”
Vinicius de Moraes – Poema de Natal
Jorge é um cara desastrado, derruba a pilha de panetones no
supermercado, e ranzinza, reclama da maçã na maionese, de passas no arroz e
todas essas “esquisitices” festeiras. Ele, que detesta o Natal, se vê na
inusitada situação de viver a véspera do Natal indefinidamente. A cada Natal
sua aparência vai se modificando, assim como os dados de sua vida, que lhe são
reportados por terceiros, já que ele nada se lembra dos outros 364 dias. Com a
mesma personalidade de chato profissional e pentelho militante, ele só vive no
Natal. Até que...
O motivo de Jorge não gostar do Natal: ele nasceu num dia 24
de dezembro, nunca teve uma bonita festa de aniversário só pra si, pois, como
se pode imaginar, não dá pra competir com o Outro aniversariante. Na
adolescência procurou sempre estar fora, viajando ou fazendo qualquer outra
atividade com os amigos. Porém, ele se casa com Laura, uma bela moça que adora
fazer a ceia de Natal com toda a família.
Nessas festas ele não suporta mais ouvir as mesmas piadas, as
mesmas discussões em família, os mesmos modos insensatos e que tais. Cenas que
são um pretexto para o conhecido histrionismo de Leandro Hassum. Bons momentos
para diversão e até sonoras gargalhadas. Quando ele cai do telhado, ao bancar o
bom velinho, começa a sua saga ao estilo do Feitiço do Tempo. Acorda no Natal
do ano seguinte e de novo e de novo e de novo.
“Tudo Bem No Natal Que Vem” é muito bem filmado: tem uma bela
fotografia, cenários e locações são muito bem concebidos, os atores estão antenados
com o clima de comédia, há movimentos de câmera criativos (como os da ceia de Natal), a maquiagem
adequada e o roteiro é ágil e esperto, pois soube muito bem recriar o tema do looping temporal, e fornecer ao ator
Leandro Hassum toda sorte de oportunidades para que ele pudesse exercer sua
veia humorística a todo vapor. Aliás, sem ele o filme provavelmente perderia
boa parte de seu apelo popular.
Filmes sobre o Natal costumam ser muito bem recebidos nessa
época do ano em que as pessoas parecem se transformar para melhor e desejar uma
vida mais parceira solidária. Nestes tempos de pandemia, as gentes desejam
modos alternativos de comemorar a festa natalina através de lives ou de obras virtuais como esse
“Tudo Bem No Natal Que Vem”, que, de quebra, ainda apresenta uma positiva
mensagem em seu final. Será que ainda podemos crer em Papai Noel?
Por fim, pensando em como funciona a indústria do
entretenimento, pode-se esperar para o ano, quem sabe, algo que irá contentar
os adeptos do gênero: um “tudo bem no Leandro Hassum que vem”. Ho-Ho-ho!
Ressalte-se que essa obra cinematográfica é um sucesso
internacional: é o quarto filme mais
assistido no mundo na plataforma. E está no posto mais alto dos filmes mais
vistos da Netflix no Brasil, em Portugal, Alemanha, Suíça, Áustria e
Luxemburgo.
“Tudo Bem No Natal Que
Vem” (Just Another Christmas) –
Brasil – 2020 – 1h 41min
Direçâo: Roberto Santucci
Roteiro: Paulo Cursino
Música:
Lucas Marcier e Fabiano Krieger
Edição: Roberto Santucci
Com: Leandro Hassum – Danielle Winits –
Elisa Pinheiro – Arianne Botelho – Daniel Filho – Miguel Rômulo – Levi Ferreira
– Louise Cardoso – Rodrigo Fagundes – José Rubens Chachá
Produção: Camisa Listrada
Distribuição Internacional: Netflix
Marco Guayba
Ator, diretor, preparador de elenco e Mestre em Letras
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