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[Crítica Musical] Track-by-Track: ‘Não Tem Bacanal Na Quarentena’ de Baco Exu do Blues
desconexao leitura abril 01, 2020 0
Hey, Desconexão Leitura! Eu sou Taú e esta é
mais uma crítica faixa por faixa do novo álbum de Baco Exu do Blues: ‘Não Tem
Bacanal Na Quarentena’! aproveitem este recado e se cuidem e se protejam e se
entretenham muito com esta matéria! Boa leitura a todos!
O álbum se inicia com um porradão.
Baco já dá o papo de como ele incomoda por ser um jovem, negro e rico, como é
difícil as pessoas reconhecerem isto e da sua potência nesta situação. O beat é
composto por um trap pesadão mas acho que o que faz essa música ser tão potente
é por conta dos gritos de Baco que marcam muito.
A segunda faixa disserta sobre
aproveitar a vida e acreditar que tudo vai dar certo.
Sonoramente é bem mais suave que a
anterior, tendo violino e flauta como amenizadores. Acredito que esta seja uma
das músicas mais artísticas de Baco não só deste álbum, mas de toda sua
carreira pela harmonia sinfônica junto com o sample do “Panelaço” que é uma
realidade agora no país. Portanto, achei um trabalho muito bem feito na
produção e mixagem da faixa. Parabéns aos envolvidos.
A música fala sobre uma mulher que
dá muito prazer a Baco e vice-versa, ele poetiza de uma maneira incomum sobre a
mulher que está muito afim. Tendo predominância do Xilofone, piano e um
trapzão, podemos desfrutar de um flow romântico de Baco em sua voz sucinta e
áspera.
Aqui Baco fala sobre uma situação
que todos estamos passando, a saudade do contatinho, do calor corporal e da
falta do prazer sexual com aquela pessoa. Com uma base de violão, e a voz incrível
de Lellê que é o feat. da canção, a música toma uma narrativa sensual e
dançante que eu gostei bastante.
Esta faixa fala sobre muitas coisas
e tem uma característica lírica subjetiva, mas eu creio que nesta faixa Baco
fala sobre o peso que carrega e as lutas que enfrenta por ser famoso: Com seus
fãs, imagem que constrói e responsabilidades; e tudo isso numa perspectiva de
um homem negro e rico reafirmado na primeira faixa. A sonoridade tem um solo e
base de violão que é numa vibe “Faroeste Caboclo” além de referências latinas
como “Havana” de Camilla Cabello. Eu gosto muito da subjetividade desta música
e a sonoridade que abre espaço para a imaginação e o ilusionismo.
A música traz uma metáfora que
basicamente fala sobre como os negros são tratados até hoje e mesmo assim a
culpa de muitos erros do mundo é das pessoas brancas e ricas, que inclusive
foram as que espalharam o coronavírus pelo mundo. A linha melódica desta música
é exímia e muito emocionante, em conjunto com o trap, esta faixa é uma das
minhas favoritas do disco, além dos melismas de Aisha que é a grande
participação da faixa que traz uma característica gospel que transcende também
a emoção.
Esta fala sobre a masculinidade
frágil e principalmente a masculinidade de homens no poder. Uma sonoridade de
gangsta permeia a música, bem rap anos 2000. Adorei a letra e a junção no beat,
além dos dialetos bem diferentes de cada pessoa trazida para a música.
A faixa faz alusão ao BBB e ao que
Babu enfrenta na casa por ser o único homem negro. Além de se entender no mesmo
lugar, Baco também apresenta os “bastidores” dessa trama de Hippies vs. Negro
de favela. O som é pesadão como do início do disco e no final da faixa tem um
grande discurso de Babu que fala mais do que toda a canção e a complementa com
perfeição.
Aqui Baco lançou a braba com muito
deboche e falando de um assunto extremamente sério, a música fala exatamente
sobre o que está no título, onde o presidente não se importa com as pessoas que
mais precisam ficar em casa - os trabalhadores; Não há uma ajuda de custo, uma
forma de garantir que os pobres trabalhadores fiquem em casa, além é claro das
que estão em casa e morrendo de fome, e das que nem casa tem. A sonoridade tem
o sample da Cardi B no vídeo sobre o vírus que vocês bem conhecem, além de ter
um funkão de rebolar com a mão na consciência. O que faz dessa música ser minha
preferida do álbum é a mensagem que ela passa, além dos áudios de pessoas
pobres relatando sobre suas vidas neste período de quarentena. GENIAL, apenas.
“Não Tem Bacanal na Quarentena” é
um disco ultra inteligente com questões muito importantes por ser uma questão
política sobre este período que nos encontramos de coronavírus, e outras mais
pessoais, sobre a saudade, a vontade do prazer do outro, a melancolia e até os
questionamentos levantados em algumas faixas. Sonoramente, é incrível como
elementos não musicais tomam predominância e se sobressaem na música, como os
áudios de panelaço, de pessoas pobres lidando com o vírus, do discurso do Babu,
entre outros diversos áudios que permeiam este disco e o trazem tanto para a
atualidade. As escolhas de base sonora trouxeram o drama e o lúdico ao mesmo
tempo para o disco. Além disso preciso ressaltar que este CD foi concebido
completamente em apenas três dias, o que me instiga muito positivamente por que
não achei nenhuma falha na voz ou produção do disco. O que mais me impressiona
no CD é de como ele é tão atual, mas ao mesmo tempo tão atemporal, a ponto de
que as questões levantadas nele não são de hoje, nem de ontem. De como ele é
necessário para este e outros momentos difíceis.
Texto: Taú
Compositor, escritor e técnico de negócios
Instagram: @tauoficial_
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