Home Tata Boeta [CRÍTICA] Raiva, um filme de luta contra pobreza e injustiça
[CRÍTICA] Raiva, um filme de luta contra pobreza e injustiça
desconexao leitura março 13, 2019 0
Chegou aos cinemas o longa-metragem "Raiva",
baseado no romance "Seara de Vento", escrito pelo
português Manuel da Fonseca. Uma coprodução de Portugal, Brasil e
França, o filme em questão é dirigido por Sérgio Tréfaut.
O filme é retratado e gravado nos campos do Baixo
Alentejo, em plena ditadura de Oliveira Salazar, e mostra um interior assolado
pela pobreza extrema.
O longa começa pelo final e depois demonstra o desfecho da trama
enquanto o filme é rodado.
"Raiva" se desenvolve em torno da história de
uma família de camponeses, que precisa protagonizar uma luta em busca de
trabalho e dignidade em meio à ditadura que toma conta de Portugal, atingida
pela pobreza e pela injustiça. Como a obra literária, o filme aborda questões
ainda atuais sobre poder e pobreza.
Esta obra cinematográfica demonstra a realidade de forma crua e nua da época,
utilizando do preto e branco nas imagens rodadas para chegar mais perto dos
1950 onde a história do filme é contada.
“Raiva” parte do romance “Seara de Vento”, de Manuel da Fonseca,
uma das obras-chave da literatura neorrealista. Foi originalmente publicada em
1958, mas desde logo proibida pela ditadura do Estado Novo, até a sua queda, em
1974.
O diretor nos conta durante o debate após a exibição do filme que
a locação teve que ser toda construída, pois a cidade demonstrava uma realidade
diferente que o romance abordava. Além disso nos contou que as cenas foram rodadas na cidade em que seu pai nasceu e que o pai constantemente se metia na
adaptação do livro, e que infelizmente o pai faleceu antes do filme estrear e
dedicou esta obra a ele. Também foi nos revelado do uso de atores de diversas
linguagens e não atores pra demonstrar o mais real fosse o filme e que não foi
difícil a direção desses “atores”.
. Conhecido sobretudo pelo trabalho em documentário, Sérgio
Tréfaut assina em “Raiva” a segunda longa-metragem de ficção, depois de “Viagem
a Portugal” (2011).
O filme é uma necessidade de nós assistirmos e correlacionarmos a
realidade do Brasil. O longa tem uma ótima direção, fotografia impecável e uma
narrativa que nos remete aos tempos de 1950. A obra possui uma narrativa
minimalista que nos lembra Vidas Secas do Graciliano Ramos e do longa-metragem que
retrata esse romance que também foi preto e branco e minimalista.
Na sua conjuntura a obra cinematográfica nos demonstra uma realidade de Portugal
que não tivemos acesso, que tiveram uma ditadura e a pobreza do sul do país.
Essa realidade que ainda remete o nosso país de pobreza e da época da ditadura
que vivemos na mesma época.
Título original: Raiva
De: Sérgio Tréfaut
Com: Sergi López, Catarina Wallenstein, Adriano Luz, Rogério Samora, Leonor Silveira, Isabel Ruth, Luís Miguel Cintra, Herman José
Género:Drama
Outros dados:POR/BRA/FRA, 2018, Cores, 84 min.
Tata Boeta
Graduando em Produção Cultura, roteirista, ator, diretor de teatro/performance, compositor, poeta e bailarino.
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