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[RESENHA] É possível o amor ainda hoje?
desconexao leitura novembro 07, 2018 0
Subtítulo:
Resenha de “Salvation: black people and love” (bell hooks)
Livro:
Salvation: black people and love
– bell hooks
New York: Perennial, 2001, 225p.
Por
Vinícius da Silva
Comecei a ler bell hooks por
necessidade. O meu primeiro contato com a autora, foi através do texto Vivendo de amor, publicado originalmente
em 2000. Após essa leitura, me apaixonei à primeira vista. E creio que o
leitor, ao ler Salvation, se
apaixonará também.
Só há um verbo possível para
definir este livro de bell hooks: precisar. Nós precisamos desse livro e nós
precisamos de amor. Pessoas Africanas em diáspora precisam de amor. Ser amadas,
dar amor e construir relações de amor. Caso não precisássemos construir e
nutrir laços afetivos entre nós, não seríamos contemplados com Salvation: black people and love
[Salvação: pessoas negras e amor, em tradução minha].
Parte da “trilogia do amor” (all about love, salvation e communion), lançado
em 2001 e ainda sem tradução para o português, esta obra se mostra muito
importante num contexto em que o que está em jogo não é mais a humanidade das
pessoas. Ao abordar a importância do amor, hooks aponta a necessidade vital de
tê-lo enquanto centro de nossa sociedade.
hooks define o amor como uma
mistura entre cuidado, afeto, reconhecimento, respeito, comprometimento, e
confiança, bem como uma comunicação aberta e honesta. Ou seja, o amor é muito
mais do que um mero sentimento, que é o que aprendemos desde a infância. Nesse
sentido, o amor cura. Não é clichê falar do poder de cura do amor, é necessário
falarmos até que estejamos vivendo numa sociedade alicerçada no amor. Este é o
clamor de hooks. Este é o nosso clamor. É possível o amor ainda hoje?
Em Salvation, especificamente, hooks aborda a questão do amor através
da experiência negra. O livro, de fácil leitura, está dividido em onze
capítulos, mais a introdução. Eu tenho
feito algumas traduções casuais do livro em meu perfil no Medium (medium.com/@viniciuxdasilva),
entendendo que o trabalho de tradução é muito importante, sobretudo, para os
nossos.
Um dos intelectuais mais citados e
reverenciado por hooks é Martin Luther King Jr., hooks via em King Jr. e em
suas práticas e discursos, a centralidade explícita do amor.
Atualmente, não nos faltam
discursos sobre o amor, mas, como aponta hooks, há uma falência das práticas do
amor, sobretudo, na vida de pessoas pretas. Em outras palavras, há diversos
discursos que clamam por amor hoje, mas não há uma práxis do amor. E hooks, em Salvation,
clama por isso.
“
“Quando
as crianças negras me dizem: “Não há amor”, digo-lhes que o amor está sempre
presente — que nada pode nos afastar do amor se nos atrevermos a procurá-lo e
valorizar o que encontrarmos. Mesmo quando não podemos mudar a exploração e
dominação em curso, o amor dá significado, propósito e direção à vida. Fazendo
o trabalho do amor, garantimos nossa sobrevivência e nosso triunfo sobre as forças
do mal e da destruição. Hansberry estava certo em insistir que “sabemos sobre o
amor”. Mas muitos de nós esquecemos o que sabemos, o que é amor ou por que
precisamos de amor para sustentar a vida. Este livro nos lembra. O amor é nossa
esperança e nossa salvação.” (p. xxiv, tradução disponível em: https://goo.gl/qRK93S)
Escrevendo esta resenha, lembro-me
de um verso de bell hooks. “Sem amor nossas vidas são sem significado. O amor é o coração da questão.
Quando tudo mais se for, o amor sustenta.” Portanto, acredito que todos nós devamos ler Salvation: black people and love, pois o
amor cura. Cura e liberta.
Vinícius
da Silva nasceu na Baixada Fluminense (RJ), é estudante, pesquisador, ativista
e se arrisca como cronista, embora não tenha publicado nada. Escreve sobre
amor, silenciamento, filosofia Africana e lugar de fala. Seus textos podem ser
encontrados em: medium.com/@viniciuxdasilva
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